
A seguir, reproduziremos algumas das cartas, reunidas neste livro do Caminho Neocatecumenal, que tratam do sofrimento e das esperanças de homens encarcerados, porém de almas serenas, tocadas pelo anúncio do Kerigma. Boa leitura...

"Já teria tirado a minha vida"
No cárcere, porém livres !
" Um homem que sofre de solidão, é ameaçado por várias preocupações da alma, busca remover a morte de junto de sí, e sofre uma pavorosa perda de esperança...
É este homem que somos chamados a evangelizar hoje."
(Papa João Paulo II)
18 DE JANEIRO DE 1994
Caríssimo,
antes de iniciar esta minha carta vos peço desculpar-me, tanto vós como o Padre Túlio, pelo atraso com o qual vos escreví, mas há uma razão para isso, visto que apenas eu cheguei na clínica com a prisão domiciliar, os médicos do departamento, desde o primeiro dia, iniciaram uma terapia à base de ansiolíticos e antidepressivos, portanto era-me difícil escrever-vos porque as mãos me tremiam e a mente estava ofuscada por pílulas e gotas.
Dito isto, entro no importante daquilo que para mim fostes, por esses 14 meses, no interior daquele inferno que é o cárcere de Poggioreale, e talvez, se o Senhor a cada dia que rezo, não me tivesse colocado no caminho certo, fazendo-me encontrar convosco e depois com todos os outros irmãos da catequese, estou certo de que não suportando aquele inferno já teria tirado a minha vida (trata-se de um político, n.d.r.) mesmo sabendo que é pecado dizer esta frase para quem depois segue a Bíblia e escolhe como modelo de vida a palavra e o caminho que leva ao Senhor. Não é e nem quer ser demagogia, se vos digo que hoje, mesmo readquirindo em parte a liberdade, me falta muito a vossa presença , as vossas palavras de
conforto e de fé cristã, porém estou feliz porque sei que também superando aquelas dificuldades, estais dia após dia ajudando outros irmãos presos e estou certo que também eles, com o tempo e com boa vontade, poderão um dia alcançar, não a estrada "larga", mas aquela "estreita" e tortuosa, pois só fazendo esta escolha se pode encontrar o caminho reto que leva ao perdão e entender que o Senhor está de qualquer maneira sempre próximo protegendo a nós e nossas famílias.
Antes de deixar-vos vos peço de cumprimentar os capelães e os irmãos que seguem as catequeses. Sempre vos levarei em meus pensamentos e nas minhas orações e espero tanto que um dia quando for um homenm livre possa vir a fazer parte do vosso grupo e de ser exemplo para vários irmãos que caíram na desgraça e talvez não entraram no caminho certo.
Sinto-me sempre próximo de vós e rezai também por mim.