Então lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou ?”
Por Masseif
Jesus, sempre que podia, ficava a sós com seus discípulos, para poder ouvi-los, principalmente quando voltavam da evangelização.
Desta vez, Jesus tem curiosidade de saber o que os apóstolos ouviam do povo a respeito do cumprimento da promessa que Deus havia feito, de enviar no tempo oportuno, um salvador à casa de Israel, para livrá-los de toda a opressão a que há muito estavam submetidos: “ Exulta muito, filha de Sião! Grita de alegria, filha de Jerusalém! Eis que o teu rei vem a ti: ele é justo e vitorioso, humilde, montado sobre um jumento. Ele eliminará os carros de Efraim e os cavalos de Jerusalém; o arco de guerra será eliminado. Ele anunciará a paz às nações. O seu domínio irá de mar a mar e do rio às extremidades da terra.” (Zc 9,9+).
Ora, os Judeus conheciam a palavra e as promessas; esperavam ansiosamente esse grande guerreiro que os libertaria de todas as tiranias a que estavam submetidos. E Jesus queria saber o que eles estavam dizendo ou pensando. Então os discípulos lhes dizem: “Uns afirmam que é João Batista, outros que é Elias, outros, ainda, que é Jeremias ou um dos profetas.” (Mt 16,14).
Jesus conhecia o pensamento daquele povo, e sabia que não se encaixava nesse perfil do “rei guerreiro” que eles esperavam. Suas palavras e pregações não iam de encontro às expectativas do povo judeu pois falava de “amor ao próximo”, “perdão aos inimigos”, e, sobretudo, escancarava ao povo os seus pecados e idolatrias. Eles, queriam alguém que os libertasse de seus opressores.
Jesus, então, já querendo iniciar com os apóstolos uma caminhada de conversão verdadeira, lhes pergunta diretamente: “ E vós, quem dizeis que eu sou?”-(Mt15,15).Diz a palavra que: “Simão Pedro, respondendo, disse: Tú és o Cristo, o filho do Deus vivo.”-(Mt16,16).
Essa confissão de Pedro, que fala em nome do grupo apostólico, é de grande importância e assinala uma guinada decisiva na carreira terrestre de Jesus.
Enquanto a multidão, frustrada, se desvia, em suas especulações a respeito de Jesus e se afasta cada vez mais, seus discípulos reconhecem pela primeira vez, de maneira explícita, que Ele é o messias. Daí por diante, Jesus consagrará seus esforços a formar esse pequeno núcleo dos primeiros “crentes” e a purificar a sua fé.
Pedro, de todos os apóstolos é a figura mais insinuante. Impetuoso e de espírito forte, chega às vezes a agir impulsivamente e de forma infantil, o que requer de Jesus uma “generosa” palavra de correção. No entanto, Pedro conhece a sua realidade. Não tem de si próprio uma grande conta e, talvez isso lhe seja de muita ajuda no reconhecimento imediato que faz da “messianidade” de Jesus.
Livre, por conta de suas precárias condições humanas, que transpareciam sem dificuldades, Pedro não poderia se esconder por detrás de moralismos ou facetas. Era o que era e Jesus o conhecia. Isso, talvez, lhe tenha feito observar mais atentamente tudo aquilo que Jesus dizia, fazendo com que pudesse enxergar o essencial. Por isso, responde prontamente à pergunta de Jesus e faz sua profissão de fé: “ Tú és o Cristo, o filho de Deus”.E Jesus o coloca à frente da sua igreja nascente.
De fato, humanamente, Pedro jamais poderia reconhecer tal coisa, mas, o Espírito de Deus, o Espírito Santo, veio em seu auxílio, em auxílio da sua debilidade, que o faz ver em Jesus Cristo o cumprimento da promessa feita há muito tempo ao povo de Israel.
A partir daí, Jesus Cristo começa a anunciar o que deverá sofrer para o cumprimento dessa profecia. Começa também a destacar as condições básicas àqueles que desejam seguí-lo.
Source: CaritasChristi