A mensagem de Jesus é a misericórdia. Para mim, digo com humildade, é a mensagem mais forte do Senhor.
Lembremos do Evangelho de João que fala da adúltera, a mulher que os escribas e fariseus estavam para apedrejar, como prescrito na Lei de Moisés. Jesus salvou a sua vida. Pediu a quem não tivesse pecado para atirar a primeira pedra. Todos foram embora. “Eu também não te condeno. Vai, e de agora em diante não peques mais” (8,11).
“Nós também, por vezes, gostamos de bater nos outros, condenar os outros”.
O primeiro e único passo necessário para experimentar a misericórdia, é reconhecer que necessitamos de misericórdia: “Jesus vem em nosso auxílio quando reconhecemos que somos pecadores”. Basta não imitar aquele fariseu que, estando diante do altar, agradecia a Deus por não ser pecador “como todos os outros homens”.
Se formos como aquele fariseu, se nos considerarmos justos, “não conheceremos o coração do Senhor e nunca teremos a alegria de experimentar essa misericórdia”.
Quem está habituado a julgar os outros a partir de cima, julgando-se perfeito, quem normalmente se considera justo, bom e correto, não sente a necessidade de ser abraçado e perdoado. E existem aqueles que sentem esta necessidade, mas acham que são um caso perdido por todo o mal que cometeram.
Certa vez, um homem disse a Francisco, depois que ouviu estas palavras sobre a misericórdia: “Ah, padre, se o senhor conhecesse a minha vida não falaria assim! Cometi erros muito graves!”.
Esta foi a sua resposta: “Melhor assim! Agora vai até Jesus: Ele vai gostar de ouvir o que você tem pra lhe contar! Ele esquece; Ele tem uma especial capacidade para esquecer. Esquece, beija, abraça e lhe diz apenas: “Nem eu o condeno; vá, e de hoje em diante não peque mais”. Apenas lhe dá aquele velho conselho: Não peques mais.
Passado um mês, se estivermos nas mesmas condições...Voltemos ao Senhor. O Senhor jamais se cansa de perdoar: jamais! Somos nós que cansamos de Lhe pedir perdão.” Então, devemos pedir a graça de não nos cansarmos de pedir perdão, porque Ele jamais se cansa de perdoar”.
A igreja jamais joga na cara das pessoas as suas fragilidades e feridas, mas as cura com o remédio da misericórdia.
Vivemos numa sociedade que nos leva, cada vez menos, a reconhecer e assumir nossas responsabilidades: na realidade, sempre são os outros que erram. Os imorais são sempre os outros, a culpa é sempre da outra pessoa, nunca nossa . E, às vezes vivemos a experiência de certo clericalismo de retorno às coisas antigas, totalmente concentrado em traçar limites, em “regularizar” a vida das pessoas através da imposição de pré-requisitos e proibições que pesam no nosso já cansativo cotidiano. Uma atitude mais disposta a condenar do que acolher. Sempre mais concentrada em julgar do que em inclinar-se com compaixão perante as misérias da humanidade.
“Deus perdoa não com um decreto, mas com um gesto de carinho”. E com a misericórdia “Jesus vai para além da lei e perdoa, acariciando as feridas dos nossos pecados”.